Carolina Maria de Jesus

“Saia, ou eu vou colocar você em meu livro!”

Hoje dedico o dia à CAROLINA MARIA DE JESUS. Conheci seu “Quarto de despejo” aos dez anos de idade. Uma leitura que mudou minha forma de olhar a pobreza. Para aqueles que não gostam de erros de ortografia, diria que a força de suas palavras é muito mais relevante que um conjunto de regras.

Nascida em 14 de março de 1914, em Sacramento/MG, filha ilegítima de um homem casado, aos sete anos foi forçada pela a mãe a frequentar a escola e aprendeu a ler e escrever.
Carolina fez sua própria casa, usando qualquer outra coisa que pudesse encontrar. Todas as noites coletava papel, a fim de conseguir dinheiro para sustentar a família. Quando ela encontrava revistas e cadernos antigos, guardava para escrever. Escrevia sobre seu dia-a-dia na favela.
Em seu diário, ela detalha o cotidiano de favelados e, sem rodeios, descreve os fatos políticos e sociais que ordem as suas vidas. Ela escreve sobre como a pobreza e o desespero pode levar as pessoas de alta autoridade moral a comprometer seus princípios, honra, e a si mesmos para conseguir comida para a família.
Seu diário foi publicado em agosto de 1960. Descoberto pelo jornalista Audálio Dantas em 1958 quando estava cobrindo a abertura de um pequeno parque municipal. Imediatamente após a cerimônia uma gangue de rua chegou e reivindicou a área, perseguindo as crianças. Dantas viu Carolina de pé na beira do parquinho gritando ao homens:
“Saia, ou eu vou colocar você em meu livro!”

Carolina de jesus

(por Norma Müller)

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